Quero ser o teu amigo.
Nem demais nem de menos.
Nem tão longe nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida.
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade nem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo mas confesso
é tão difícil aprender.
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças.
Dá-me tempo, de acertar as distâncias.
Fernando PESSOA 1888-1935
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